Produtores de café reduzem custo de produção e investem em qualidade

A Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Espírito Santo (Senar-ES) tem o objetivo de melhorar a produtividade e a renda das famílias rurais capixabas, além de promover o desenvolvimento sustentável das propriedades. Até hoje 965 cafeicultores já participaram da ATeG. 


A metodologia envolve ações de diagnóstico da situação da propriedade rural, planejamento, adequação tecnológica, formação profissional do produtor e sua família e análise de resultados. 


Os técnicos de campo que visitam os produtores mensalmente auxiliam na anotação dos custos de produção, por exemplo. Na safra de café conilon 2019/2020, o custo variável das propriedades assistidas, mais a mão de obra e depreciações, fechou em R$ 269,43. Enquanto isso, a média de preço da saca de conilon gira em torno de R$ 400. 


“Através da ATeG os produtores começam a ver tudo o que eles estão gastando e em que podem reduzir custos. Eles aprendem a fazer a adubação correta, um trato cultural melhor e, assim, reduzir custos e aumentar a produção”, explica a supervisora geral da ATeG do Senar-ES, Cristiane Veronesi. 


Com a redução dos custos de produção, a supervisora relatou que em algumas propriedades rurais houve aumento da área produtiva. “Alguns produtores assistidos resolveram plantar novas lavouras, pois perceberam que irão conseguir um lucro maior que nas safras anteriores”, disse. 


Outros produtores atendidos pela ATeG do Senar-ES estão conseguindo agregar valor a sua produção investindo em qualidade.  


Cafés capixabas de sucesso 


O jovem Luiz Felipe Zandonade, de 24 anos, mantém a tradição da família de Venda Nova do Imigrante (ES) na produção de café arábica e já conseguiu alcançar 90 pontos em seu café especial que recebe o nome de sua mãe Marli. 


Junto com ela e o pai, Luiz Carlos Zandonade, Luiz Felipe comanda a propriedade rural e se especializa cada vez na produção de cafés de qualidade. Eles já participaram dos treinamentos do Senar-ES e, há um ano, fazem parte da ATeG. 


“A partir dos atendimentos do Senar-ES consegui ter um controle melhor dos gastos da produção, o técnico orientou a começar um sistema de poda desde o início da lavoura e tenho notado que trouxe benefício para as plantas que já vão começar a produzir ano que vem”, diz Luiz Felipe. 


A família está ingressando no mercado de cafés torrados e vão montar uma torrefação dentro da propriedade. Além do Espírito Santo, eles já vendem seu produto para outros Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Brasília, contando com o instagram: https://www.instagram.com/cafezandonade e outras plataformas digitais. 


“Fiz a escolha de ficar na propriedade e fui pegando gosto pela coisa. Hoje sou muito realizado com o que faço”, conta Luiz Felipe. 


O arquiteto e urbanista Rafael Ribeiro viu na produção agrícola de cafés especiais uma oportunidade de negócio e, desde 2017, auxilia seus pais Sebastião e Raquel Ribeiro na propriedade da família em Iúna (ES), no distrito de São João do Príncipe. 


“Morei 10 anos em Vitória, mas decidi voltar para a propriedade e hoje vejo o brilho nos olhos dos meus pais porque o nosso trabalho com cafés especiais está dando certo. O que nos ajudou bastante foram os treinamentos do Senar-ES e a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG)”, revela Rafael. 


Toda a família já participou das capacitações oferecidas pelo Senar-ES. Foram treinamentos de classificação de café, manejo de café arábica, administração rural, turismo rural, cultivo de plantas ornamentais, jardinagem. Eles são atendidos pela ATeG desde 2019. 


“Depois da assistência do Senar mudamos sobretudo o manejo das lavouras, aprendemos a fazer as coisas na hora certa, como as pulverizações necessárias, as podas programadas. O controle de gestão da propriedade também melhorou bastante. Enfrentamos o desafio de sair do método antigo de produção e introduzir novas tecnologias pra obter mais resultados”, disse Rafael. 


Seu café arábica especial já alcançou 83,8 pontos e seus produtos são vendidos na pousada Origens do Caparaó, que pertence à família, em Vitória e em cafeterias de Porto Alegre, Uberlândia, Goiânia e Belo Horizonte. “Alguns dos nossos cafés têm características sensoriais voltadas para o cacau, amêndoas e os consumidores têm gostado bastante”, comemora. 


A atividade rural sempre fez parte da vida do Alex Sander Calvi e sua família. Eles produzem café conilon em Jaguaré (ES), onde fazem um processo diferenciado para obter grãos de qualidade. Um de seus cafés já recebeu 85 pontos. 


“Como parte principal do trabalho desenvolvido na propriedade, a pesquisa de campo busca por grãos melhores a fim de identificar a matriz genética que se adeque ao clima e à geografia da região. Para isso foi montado um terreiro suspenso dividido em pequenas baias onde são secados, catalogados e levados para o teste de xícara. Depois dessa fase, as melhores amostras vão para análise profissional”, revela Alex. 


Além do produtor, trabalham na propriedade seu irmão Paulo Eduardo, seu pai Paulino, a irmã Kettini e a esposa Eliane Calvi. Eles participaram dos treinamentos do Senar-ES, como degustação de café e classificação de café, e recebem a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) desde 2019. 


“O trabalho do Senar-ES mudou nossa visão. A partir do programa aprendemos a enxergar os detalhes, as melhores técnicas de manejo, a parte financeira e, principalmente, a qualidade do café”, conta Alex. 


Seus cafés são vendidos em mercearias, padarias e supermercados de Jaguaré, São Mateus e Linhares. “No começo eu fiquei receoso, tive certa resistência, pois não acreditava que poderia dar certo. Conversando com o técnico de campo vi que realmente era possível ter um café de qualidade, mesmo não sendo nas montanhas”, diz. 

Fonte: Comunicação Senar-ES

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