Piscicultura precisa ter oferta contínua e padrão de qualidade para vencer a crise

O presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Ono, afirmou que a cadeia produtiva da piscicultura, para ser competitiva e passar pela crise atual, precisa ter oferta contínua e padrão de qualidade nos produtos.


Ono debateu o assunto durante a live “Como aumentar a competitividade e lucratividade na piscicultura” promovida pelo Sebrae Rondônia, na terça (6), ao lado do presidente da Associação de Criadores de Peixes do Estado de Rondônia (Acripar), Francisco Farina.


“A competitividade vai muito além da questão de preço. Temos que pensar que para um produto ser competitivo no mercado ele precisa ter um custo benefício positivo para o consumidor, com padrão de sabor, frescor e apresentação. O consumidor precisa ter certeza do que ele está recebendo”, afirmou. “Tudo isso faz parte do pacote de competitividade do produto.”


Eduardo Ono falou também sobre a atual crise do setor, devido ao aumento dos custos de produção, principalmente devido à alta do dólar e à disparada no consumo chinês de grãos. Segundo ele, o preço do peixe no mercado interno não acompanhou a alta da ração.


“O preço do peixe subiu, mas demorou mais de um ano para se ajustar nesse processo. Isso colocou uma pressão tremenda em cima dos produtores, porque quando se fala em dobrar o preço da ração, também estamos falando em dobrar o capital de giro, e a ração representa uns 75% do custo de produção.”


Para contornar esse cenário, Ono acredita que o produtor precisa tomar algumas iniciativas para conter os custos, começando por identificar os desperdícios dentro da propriedade.


“A primeira coisa é olhar em volta e tentar identificar os desperdícios de ração, calcário, mão-de-obra, combustível, energia elétrica. Depois, olhar dentro da piscicultura, qual a taxa de sobrevivência, índice de crescimento dos peixes, se o aproveitamento da ração (taxa de conversão alimentar) está eficiente. É identificar e sanar esses problemas.”


Outra dica, segundo ele, é reduzir o número de animais por área, porque diminuir o povoamento de peixes vai aumentar a margem de lucro.


“Se o produtor hoje está espremido com a alta da ração, ele tem que diminuir o povoamento. Primeiro para diminuir o capital de giro, segundo para melhorar a eficiência de produção, diminuir os custos de produção e aumentar a margem por quilo. Vai diminuir o faturamento dele, mas proporcionalmente ele diminui o capital de giro. Assim ele consegue sobreviver nesse momento de crise”.


Além disso, o presidente da Comissão da CNA disse que o cenário atual colocou em evidência a necessidade de profissionalização da cadeia produtiva.


“Quem não se profissionaliza fica no meio do caminho. Em qualquer ramo de negócio é assim e na piscicultura não vai ser diferente. Quem não se profissionaliza não vai sobreviver no médio e longo prazo. O momento de crise acelerou o processo que levaria seis anos, aconteceu em um ano e meio e quem já estava preparado sofre menos”.


Sobre as políticas públicas para melhorar o setor, Eduardo Ono destacou a importância do licenciamento ambiental e da outorga. “Uma coisa não adianta sem a outra, temos que resolver as duas simultaneamente. Na região amazônica esse processo é extremamente complicado. O processo é subjetivo, faltam critérios técnicos. Enquanto vivermos isso, o produtor terá zero segurança jurídica”.


Para ele, o prognóstico para o setor é positivo apesar da crise. “Essa vai passar e quem estiver se preparando para o pós vai largar na frente. É necessário ter a cabeça no lugar, o mundo já está voltando gradualmente aos eixos, a economia vai voltar a girar, os negócios já estão se reestabelecendo e a aquicultura vai acompanhar esse processo e, quem sabe, sair até mais fortalecida e mais preparada”.

Fonte: CNA Brasil

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