Mulheres do agronegócio investem em irrigação sustentável

As mulheres estão cada vez mais presentes no agronegócio, um universo com forte predominância masculina. Seja pela forma de atender, seja de negociar, elas também se destacam por levarem tecnologia aos meios produtivos, como sistemas de irrigação sustentáveis.


Dados do Censo Agropecuário 2017 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019 apontam que o número de mulheres que lideram propriedades rurais cresceu de 12,68% para 19% no Brasil. No Espírito Santo, são mais de 14 mil estabelecimentos com liderança feminina (14% do total).


De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), atualmente as mulheres representam 43% da força de trabalho rural mundial, e a participação delas no cultivo de alimentos, pecuária, educação, serviços financeiros, extensão, tecnologia e emprego rural resultam em um aumento significativo da produtividade com sustentabilidade.


SUSTENTABILIDADE – Essa preocupação com uma produção sustentável está presente no dia a dia de Juçara Engelhardt do Nascimento, 52 anos, que trabalha no universo agro desde 2005. Ela é proprietária da Fazenda Touro Queimado, em Governador Lindenberg, no Noroeste do Espírito Santo.


Entre os planos de Juçara está produzir 2 mil sacas anuais de café conilon e 4 toneladas de pimenta-do-reino por ano. Em 2021, ela também colherá cacau pela primeira vez. Para garantir a saúde da terra e que não falte água para a produção, reflorestou uma parte da propriedade e investiu em um sistema por gotejamento sustentável da Hydra Irrigações.


“Na época tinha a crise da água e uma empresa que trabalhava comigo me sugeriu a Hydra por conta da preocupação com isso. Entrei no projeto do governo para reflorestar e investi nesse cuidado”, conta.


PACIÊNCIA E QUALIDADE – Para Juçara, as mulheres se destacam no universo agro pela paciência para lidar com as pessoas na hora da contratação para a safra, sabem dar atenção e explicar com clareza como o serviço deve ser feito, exigem qualidade, são atenciosas com os clientes, fazem as compras necessárias e ainda cuidam da família.


“Somos ao todo cinco mulheres: minha mãe, minhas irmãs e eu, que cuido da administração do negócio e faço contratos por empreitada. Na safra, o trabalho no terreno começa às 6h e termina às 16h. Acompanho tudo de perto, vejo se estão apanhando o café do jeito certo, faço cotação de preços e todas as compras. Quando tenho dúvida, procuro aprender. Entendo bem o trabalho no campo, sei o quanto é pesado e dou valor a tudo que é feito”, afirma Juçara.


DE MÃE PARA FILHA – Presente no mundo agro há 14 anos, Marinalva Carminate, 45 anos, administra a produção de café conilon e pimenta bragantina e tucunadã na Fazenda Água Limpa, em Jaguaré, no Norte do Estado. Ela testemunha de perto o crescimento da participação feminina no agronegócio, ao ver a filha Pâmela, de 26 anos, formada em Engenharia Química, tomar gosto pelo trabalho no campo.


“Ela me acompanha, gosta dessa área e já cuida de parte da administração junto comigo. A participação da mulher no agronegócio está mudando e fazemos um trabalho importante. Temos paciência para lidar com as pessoas. É uma área que gosto muito, mas a mulher que quiser trabalhar nela precisa ter em mente que o retorno é lento e que é difícil encontrar mão de obra qualificada”, explica.


CRISE HÍDRICA – Marinalva conta que, em época de safra, o trabalho começa às 6h30 e termina às 17 horas. Há cerca de dois anos, ela também apostou numa mudança tecnológica na irrigação por causa da crise hídrica que o Estado passou. A terra, que antes era irrigada por aspersor canhão, hoje utiliza o sistema por gotejamento.


“Tivemos uma séria crise hídrica e meu irmão me sugeriu a Hydra por causa da preocupação deles com o cuidado com a água. A partir daí, adotamos o sistema de gotejamento. Foi uma decisão muito acertada”, disse.

Fonte: Revista Negócio Rural

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