Estudo mostra custos de produção na agricultura capixaba; veja a tabela

O Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro) atualizou o estudo dos coe­cientes técnicos e custos de produção de várias atividades agrícolas em diferentes níveis tecnológicos e situações no Espírito Santo. A atualização, que é feita a cada dois anos, permite aos produtores compararem os custos e receitas de vários produtos agrícolas. Na prática, é possível avaliar a viabilidade econômica de várias culturas.


Veja algumas das conclusões do estudo:


Os custos de produção geral de várias atividades agrícolas, entre janeiro de 2019 a janeiro de 2021, tiveram um aumento médio de 14%, percentual superior inflação o­ficial do período, que foi de 9%. Apesar disso, o valor pago pelos produtos agrícolas aos produtores rurais subiu cerca de 20%.
Dentre os itens que compõem os custos de produção, a maior variação observada foi a dos insumos. No período analisado houve um aumento médio de 34,82%, contra 8,33% de aumento médio dos serviços.


Em relação aos insumos, os adubos se destacaram, com um aumento de aproximadamente 48,74% em relação à janeiro de 2019. A alta variação observada nos insumos pode estar em função da pandemia da Covid-19, que prejudicou o fornecimento e abastecimento do comércio de produtos agropecuários. Consequentemente, com a menor oferta, os preços aumentaram. Outra possível explicação para a alta é a cotação do dólar entre os anos de 2019 e 2020, com aumento de aproximadamente 32%.


 


Apesar do menor aumento nos custos dos serviços, trata-se da categoria que mais comprometeu os custos de produção, representando em média 64,27% do total, contra 35,73% dos insumos. Em algumas culturas como o eucalipto, em áreas não motomecanizáveis, os serviços representaram 85,52% dos custos totais de produção. Só as operações de colheita e transporte do eucalipto representam em média 60% dos custos dos serviços. Na cultura do café conilon, os custos dos serviços envolvendo colheita e pós-colheita também são signi­cativos, representando em média 52,43% de todos os serviços.


 


Avaliando-se as principais culturas, o estudo mostra que os custos de produção médios no café conilon irrigado variaram de R$ 414,23/saca na produtividade de 45 sacas/ha e R$ 279,14/saca na produtividade de 120 sacas/ha. Considerando o café conilon não irrigado os custos médios foram de R$ 342,91/saca, bem acima do preço mínimo de garantia estabelecido pelo governo federal que é de R$ 263,93/saca.


 


No café arábica os custos variaram de R$ 634,90/saca em baixas produtividades (20 sacas/ha), a R$ 352,93/saca em altas produtividades (60 sacas/ha). O ponto de equilíbrio da atividade, onde não ocorreu nem lucro e nem prejuízo, está acima de 40 sacas/ha, considerando os preços médios de 2020. Ressalta-se que a maioria dos produtores capixabas não alcançam essa produtividade. Ademais, cabe destacar que a avaliação foi em relação ao valor do café arábica tipo 7 bebida rio com até 12% de umidade, por ser o mais comumente produzido. A produção de café arábica de qualidade superior pode reduzir o ponto de equilíbrio da atividade e aumentar a rentabilidade, pois possuem melhores valores de mercado.


 


Algumas frutas como mamão, goiaba, abacaxi, maracujá, uva, banana da terra, tangerina e limão apresentaram alta rentabilidade média, acima de R$ 16 mil por ha/ano, para aqueles produtores que conseguiram obter altas produtividades.


 


Em relação à pecuária leiteira, na produção de 10 litros de leite por animal por dia, o preço pago pelo produto foi 28% superior ao custo de produção, possibilitando ganhos de R$ 824,19 por hectare/ano. Na produção de 5 litros de leite por animal por dia, produtividade média alcançada por muitos produtores, a atividade apresentou rentabilidade negativa considerando os custos totais (­fixos mais variáveis).


 


silvicultura de eucalipto, por ser uma atividade mais rústica e de baixo risco, continua atrativa em áreas da propriedade com baixa aptidão para outras atividades de alta renda. O custo médio de produção perfaz R$ 74,63/m³, e a lucratividade alcança R$ 1.814,81 ha/ano em produtividade de 40 m³/ha/ano, em programas de fomento florestal (sistema de integração produtor / indústria).


 


Dentre as olerícolas, destacaram-se a cultura do tomate e da mandioca, com rentabilidades de R$ 79.009,98/ha e 27.577,99/ha, respectivamente. A pimenta do reino, mostrou-se também ser uma atividade atrativa economicamente com rentabilidade em torno de R$ 20 mil por ha/ano, considerando produtividade de 5.600 kg/ha. Os preços desse produto subiram cerca de 31% em relação ao último período avaliado.


 


Além do custo e rentabilidade média estimada nesse estudo, existem outros requisitos a serem considerados na tomada de decisão por parte do produtor/empreendedor rural, como flutuação na demanda e valores de mercado, perecibilidade do produto, exigência de mão-de-obra, desenvolvimento tecnológico e riscos na produção, especialmente os climáticos, dentre outros fatores importantes do arranjo produtivo.


 


Custo médio de algumas culturas (janeiro de 2021)
Não foram considerados no cálculo de custos o valor da terra, a remuneração do capital aplicado, taxa de elaboração de projetos e assistência técnica, licenças ambientais e taxas administrativas da propriedade rural
Não foram considerados no cálculo de custos o valor da terra, a remuneração do capital aplicado, taxa de elaboração de projetos e assistência técnica, licenças ambientais e taxas administrativas da propriedade rural

Fonte: Conexão Safra

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